A Cruz É uma Coisa Radical

cruz

A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já apareceu entre os homens.
Depois que Cristo ressurgiu dos mortos, os apóstolos saíram a pregar a Sua mensagem, e o que pregaram foi a cruz. E por onde quer que fossem pelo mundo, levavam a cruz, e o mesmo poder revolucionário ia com eles, A mensagem radical da cruz transformou Saulo de Tarso e o mudou de perseguidor dos cristãos em um terno crente e um apóstolo da fé. Seu poder mudou homens maus em bons. Sacudiu a longa escravidão do paganismo e alterou completa¬mente toda a perspectiva moral e mental do mundo ocidental.
Fez tudo isso, e continuou a fazê-lo enquanto se lhe permitiu permanecer como fora originalmente, uma cruz. Seu poder se foi quando foi mudado de uma coisa de morte para uma coisa de beleza. Quando os homens fizeram dela um símbolo, penduraram-na nos seus pescoços como ornamento ou fizeram o seu contorno diante dos seus rostos como um sinal mágico para protegê-los do mal, então ela veio a ser, na sua melhor expressão, um fraco emblema, e na pior, um inegável feitiço. Como tal. é hoje reverenciada por milhões que não sabem absolutamente nada do seu poder.
A cruz atinge os seus fins destruindo o modelo estabelecido, o da vítima, e criando outro modelo, o seu próprio. Assim, ela tem sempre o seu método. Vence derrotando o seu oponente e lhe impondo a sua vontade. Domina sempre. Nunca se compromete, nunca faz barganhas, nunca faz concessão, nunca cede um ponto por amolda paz. Não se preocupa com a paz; preocupa-se em dar fim à sua oposição tão depressa quanto possível.
Com perfeito conhecimento disso tudo, Cristo disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.” Assim a cruz não só põe fim à vida de Cristo; termina também a primeira vida, a velha vida. de cada um dos Seus seguidores verdadeiros. Ela destrói o velho modelo, o modelo de Adão, na vida do crente, e lhe dá fim. Então o Deus que levantou a Cristo dos mor¬tos levanta o crente, e uma nova vida começa.


Isto, e nada menos que isto, é o cristianismo verdadeiro, embora não possamos senão reconhecer a aguda divergência que há entre esta concepção e a sustentada pelo tipo comum de cristãos conservadores hoje. Mas não ousamos qualificar a nossa posição. A cruz ergue-se muito acima das opiniões dos homens e a essa cruz todas as opiniões terão que vir afinal para julgamento. Uma liderança superficial e mundana gostaria de modificar a cruz para agradar os religiosos maníacos por entretenimento que querem divertir-se até mesmo dentro do santuário; fazê-lo, porém, é cortejar a tragédia espiritual e arriscar-se à ira do Cordeiro feito Leão.


Temos que fazer alguma coisa quanto à cruz, e só podemos fazer uma destas duas: fugir ou morrer nela. E se formos tão temerários que fujamos, com esse ato estaremos pondo fora a fé vivida por nossos país e faremos do cristianismo uma coisa diferente do que é, Neste caso, teremos deixado somente o vazio linguajar da salvação; o poder se irá juntamente com a nossa partida para longe da verdadeira cruz.


Se somos sábios, faremos o que Jesus fez: suportaremos a cruz e desprezaremos a sua vergonha pela alegria que está posta diante de nós. Fazer isso é submeter todo o esquema da nossa vida, para ser destruído e reconstruído no poder de uma vida que não se acabará mais. E veremos que é mais que poesia, mais que doce hinologia e elevado sentimento, A cruz cortará fundo as nossas vidas onde fere mais, não nos poupando nem a nós mesmos nem as nossas reputações cultivadas. Ela nos derrotará e porá fim às nossas vidas egoístas. Só então poderemos elevar-nos em plenitude de vida para estabelecer um padrão de vida totalmente novo, livre e cheio de boas obras.


A modificada atitude para com a cruz que vemos na ortodoxia moderna prova, não que Deus mudou, nem que Cristo afrouxou a Sua exigência de que levemos a cruz; em vez disto, significa que o cristianismo corrente desviou-se dos padrões do Novo Testamento. Para tão longe nos desviamos que nada menos que uma nova reforma restabelecerá a cruz em seu lugar certo na teologia e na vida da igreja.

– A. W. Tozer, O Melhor de A.W. Tozer

Adão quebrou os Dez Mandamentos no Éden

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Por Mark Jones

Quais mandamentos Adão quebrou no Jardim quando ele e sua esposa comeram da árvore que Deus ordenou não comessem (Gn 2.16-17; 3.6)? Creio que ele quebrou cada um dos dez mandamentos, e não apenas um ou dois mandamentos específicos (cf. Tiago 2.10).
Em sua incredulidade, quebrou o primeiro mandamento. Como o Reformador corretamente destacou, o primeiro pecado de Adão foi a incredulidade. Ele falhou em amar a Deus, e em lugar disso demonstrou um amor próprio pecaminoso. Ele estava buscando satisfazer-se. Seu pecado incluiu “incredulidade, falta de confiança, desespero, orgulho, presunção, [e] covardia”. Ele também falhou em depender do Espírito Santo.
Quebrou o segundo mandamento. Deus deveria ser cultuado de uma maneira específica, que incluía aquilo que Adão fora ordenado fazer, bem como aquilo que fora ordenado não fazer. Mas Adão transgrediu as leis da correta adoração. Adão tolerou a falsa religião e (como profeta, sacerdote, e rei) não guardou o templo de Deus. Ele deveria ter esmagado a cabeça da serpente.
Quebrou o terceiro mandamento. Como filho de Deus, e alguém que carregava a imagem de Deus, Adão trouxe desonra ao seu Pai. Deus deve ser honrado por meio daqueles que carregam o seu nome. Além disso, a palavra de Deus — a Palavra com a qual falou a Adão e o alertou — não foi reverentemente usada por Adão; este fracassou em falar a teologia verdadeira à serpente.
Quebrou o quarto mandamento. A desobediência de Adão o impediu de entrar no descanso sabático eterno. Ele deveria, como nós, fazer todo o esforço para entrar no descanso de Deus (Hb 4.11). Ele não “descansou” em Deus quando permitiu que sua esposa comesse da árvore que ele fora ordenado não comer. Ele pôs em jogo seu descanso eterno, o que é uma violação do sabá.
Quebrou o quinto mandamento. Adão não honrou seu pai. Seus dias teriam sido prolongados caso o tivesse feito.
Quebrou o sexto mandamento. Adão se tornou um assassino perverso, tal como Satanás, quando pecou contra Deus (Rm 5). Ele tinha, para com sua posteridade, o dever de lhes garantir vida, mas, ao invés disso, lhes trouxe morte.
Quebrou o sétimo mandamento. Adão não mostrou amor para com sua esposa quando permaneceu silente e deixou que ela falasse com o diabo. Ele deveria ter protegido Eva, mas não o fez.
Quebrou o oitavo mandamento. Ele permitiu que sua esposa furtasse. Ela tomou aquilo que não deveria tomar. E Adão participou no furto.
Quebrou o nono mandamento. Ele se tornou como o pai da mentira (Jo 8.44) ao falhar em falar a verdade sobre Deus e defender a bondade de Deus quando questionado. Adão deveria ter rebatido a calúnia de Satanás. Ele permitiu que a mentira fosse propagada quando deixou que Eva tomasse do fruto proibido.
Quebrou o décimo mandamentoAdão não se contentou com sua própria situação. Ele estava descontente com aquilo que Deus lhe havia dado. E cobiçou aquilo que Deus havia proibido.
Tudo isso explica por que a apostasia de Adão foi tão má. Ele não cometeu um simples equívoco, mas pecou deliberadamente contra Deus e contra o próximo. Em sua incredulidade, ele quebrou todos os mandamentos de Deus, e não apenas um.
Em nosso próprio pecado, nós raramente, se é que alguma vez, quebramos um mandamento. Nosso pecado quase sempre envolve a quebra de vários mandamentos ao mesmo tempo. Além disso, nossos pecados contra a segunda tábua da lei são geralmente uma falha em guardar a primeira tábua da lei. Quando lido com pessoas que, por exemplo, têm problemas com o sétimo mandamento, minha resposta é lidar com os quatro primeiros mandamentos, e não apenas com o sétimo.
No futuro, pretendo tratar de como Cristo guardou todos os dez mandamentos no “deserto”, em resposta à quebra dos dez mandamentos por parte de Adão no Éden.
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Fonte: Monergismo

Ser discípulo: lições e implicações (Parte 1)

(Por Gabriel Felipe M. Rocha)

 

[…] Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus (Lucas 9: 62)

 

No capítulo 9 (versos 57- 62) do Evangelho segundo Lucas, há um importante ensinamento para quem pretende ser discípulo de Jesus. Daremos ênfase, portanto, ao verso 62. No entanto, caberá aqui uma breve abordagem do capítulo 9.

Interessante que, em todo o capítulo 9, há uma bela sequência de ensinamentos que remetem à prática do discipulado. Creio que o último versículo do capítulo 9 (v. 62), onde Cristo chama a atenção para o exemplo do arado e da firme adesão e decisão em relação ao serviço do Evangelho, é um relevante fechamento de toda essa sequência de ensinamentos.

Nos primeiros versículos, onde houve a convocação dos doze para uma missão específica, Jesus deixa alguns ensinamentos práticos para seus discípulos, incluindo, os doze discípulos principais.

Ocorreu, então, um trabalho de campo (v. 1-6), onde Jesus ensinou que:

  1. É Ele quem convoca (v.1), sendo Deus quem nos chama;
  2. É Ele quem nos capacita para o trabalho, concedendo-nos poder, talentos e dons (v.1);
  3. É Ele quem nos envia e dá total condição para o cumprimento do serviço (v.2, 3);
  4. É nele que devemos colocar nossa confiança e não em nossos próprios recursos (v.3);
  5. E, por fim, nós devemos fazer tudo conforme suas ordens e sua Palavra (v. 4-6).

Houve também a multiplicação dos pães e peixes (v. 10-17). Foi essa a primeira multiplicação. O interessante nessa multiplicação é o fato de, a mesma ter como objetivo não só a simples alimentação da multidão ou a mera apresentação de poderes por Jesus Cristo. Não foi a experiência do milagre a única proposta da multiplicação, mas sim a prática do discipulado. Aliás, experiências que não geram ação, são experimentalismos vazios. Evangelho é ação! Ser discípulo é aprender e agir conforme quer o Mestre. Creio que dois versículos demonstram com mais veemência o que quero dizer. Esses são: “[…] Dai-lhes vós mesmos de comer” (v.13) e, “[…] abençoou e partiu e deu aos seus discípulos para que distribuíssem entre o povo” (v.16). Eles viram o milagre. Mas, eles puderam participar do milagre. Aí residia o ensinamento.

Primeiro: Jesus sabia da condição de seus doze discípulos, assim como sabia que eles não tinham alimentos suficientes para alimentar uma multidão. Mas, quando Jesus pede para que eles mesmos dessem ao povo algo para comer, queria testá-los e chamar a atenção dos mesmos (e também nossa) para a seguinte reflexão:

a) Não temos recurso algum para alimentar todo esse povo;

b) Nada podemos fazer se Deus não for conosco e operar um milagre;

c) O alimento que pode saciar o povo, não vem de nós, mas vem de Deus;

d) Contudo, podemos participar desse milagre, em obediência, distribuindo ao povo aquilo que vem de Deus. Esse é o nosso trabalho e a nossa missão! Fazer a vontade de Cristo é a nossa missão;

e) De nossos poucos recursos, Deus ampliou e multiplicou, dando-nos condição de fazer aquilo que Ele pediu e nos comissionou. Portanto, é a partir de nós mesmos que a missão será cumprida, sendo de Deus a provisão.

f) Nossa missão deve ser realizada em meio ao povo, em meio à multidão e não distante deles. Cabe a nós distribuir o alimento que vem de Deus e não deixá-los famintos.

Portanto, meus queridos leitores, mais um ensinamento, relacionado à prática do discipulado se apresenta a nós em total relevância.

Outro fato pertinente ao aprendizado dos discípulos ocorre logo após o milagre da multiplicação, a saber: a confissão de Pedro (v. 18 – 20).

Os discípulos estavam já envolvidos com o ministério de Jesus. Já haviam visto muitos milagres e ouvido muitos sermões e parábolas. Mas não tinham, porém, uma visão completa de quem era Jesus, ou seja, desconheciam a profundidade e o caráter profético do ministério de Jesus Cristo sobre a terra; eles desconheciam a divindade daquele Jesus. Para muitos deles, Jesus era o homem, o profeta e aquele que operava muitos milagres.  Alguns até o trataram como o Messias (Jo 1: 41), mas ainda desconheciam a grandeza de propósito da sua vinda. Tanto que, na resposta que Pedro deu sobre quem é o Cristo (v.20), tendo ele recebido do próprio Deus tal revelação (Mt 16: 17), Jesus destacou a bem-aventurança de Pedro, dando a entender com clareza que, em detrimento dos outros discípulos, Pedro alcançara algo espiritualmente profundo. Algo que os colegas ainda não haviam recebido, tampouco entendido.  Uma lição que temos a partir disso é a seguinte:

  • Muitos estão nas igrejas, até fazem parte de algum ministério em suas igrejas locais, mas ainda não conheceram com profundidade o Cristo a fim de fazerem a sua vontade. Em seus corações não houve ainda a real conversão e o efetivo conhecimento de Jesus como o Filho de Deus, o Cristo que é Senhor e que pode salvar;
  • O discípulo é aquele que conhece o seu Senhor e que recebeu em seu coração a revelação de Jesus Cristo pela pregação da Palavra e pela fé;
  • Não pode haver um trabalho evangélico eficaz se aquele que se diz servo não conhecer o seu Senhor e não ser participante dos mistérios de seu Senhor;
  • Na ocasião da revelação dada a Pedro sobre quem era o Cristo, o mistério ainda estava oculto aos santos, mas foi revelado após a ressurreição e pentecostes. (Jo 21: 1; At 1: 6-8; Cl 1: 26; Cl 2: 2,3). Além do mais, a Igreja tem hoje a Escritura que é a revelação especial dos mistérios de Deus, sendo ela a revelação de Jesus Cristo (Jo 5: 39; At 17: 11; 2 Tm 3: 16).

Tendo, portanto, conhecido o seu Senhor, o bom discípulo está apto para servi-lo.

Continua na próxima postagem.

Salmos 119:1-3

“Bem aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do Senhor. Bem aventurados os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo coração; não praticam iniquidade e andam nos seus caminhos”

Assunto: A importância da Palavra de Deus na vida do cristão

Por: Adolfo Brás Sunderhus Filho

           Você busca andar na lei do Senhor? 
           Você tem a Palavra de Deus como regra de vida e prática em sua vida? 
           Busca, de todo o coração, andar conforme a Palavra de Deus? 

           Essas perguntas me vem à mente quando leio o Salmo 119,  escrito possivelmente por Davi, visto a semelhança estilística de escrita, segundo bem afirma Spurgeon, em seu livro Esboços Bíblicos de Salmos (2005): 

         “Cremos que Davi escreveu este salmo. É davídico em tom e expressão, e confere com a experiência de Davi em muitos pontos interessantes. (…) “Este é o espólio de Davi”. Depois de muita leitura de um autor, chega-se a conhecer seu estilo, e adquire-se certo discernimento pelo qual sua composição é detectada mesmo se seu nome estiver oculto; sentimos uma espécie de certeza crucial de haver a mão de Davi nesse salmo, sim, de ser completamente seu.” 

          Incrível como esse salmo nos traz ensinamentos importantíssimos para nossa vida como cristãos e nos leva a refletir sobre nossa postura como conhecedores da Palavra de Deus. Ao longo de todo o texto, Davi vem mostrar os benefícios de se conhecer a Bíblia e buscar o seu conhecimento profundo. Mas, nesses três primeiros versos, Davi mostra o resultado primeiro da dedicação a esse estudo: “não praticam a iniquidade e andam nos seus caminhos” 

          Nos dois primeiros versos de seu salmo, Davi utiliza-se de uma expressão muito comum: “bem aventurados”. Essa expressão, e suas variantes, aparece por quase 100 vezes. “Bem aventurado” significa “feliz”. Mas, não uma felicidade passageira, uma felicidade como aquela que sentimos quando ganhamos um presente do qual gostamos. Não! O “bem aventurado” é aquele que se preenche de uma felicidade imensa, vinda da graça especial de Deus. A “bem aventurança” aqui citada é algo constante, irresistível, e visível aos olhos de todos aqueles com quem convive. 

Agora, como podemos ser mais do que felizes? Como podemos desfrutar dessa graça maravilhosa da felicidade concedida pelo Senhor? Como podemos resplandecer essa felicidade e fazê-la visível às pessoas que estão a nossa volta, que convivem conosco nos mais diversos espaços sociais os quais estamos inseridos percebam a infinita e misericordiosa graça do Senhor? Então, o salmista logo complementa, deixando para nós a fórmula simples (porém não quer dizer que seja fácil): devemos andar na lei do Senhor, guardando as suas prescrições e buscando (a Ele) de todo coração”. É simples, mas não é fácil.

            Ao longo de toda a Bíblia somos incentivados a conhecer a Palavra do Senhor, a estudá-la a fundo, a meditar sobre ela. Jesus nos alerta: “Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt. 22:29). Aqui, o Grande Mestre, o Filho Unigênito do Pai nos alerta para o grande erro que muitas vezes cometemos: não conhecemos as Escrituras Sagradas. Não damos a elas o devido valor, a devida importância. Quantos e quantos aqui dentre nós abrem a Bíblia apenas no domingo a noite? Temos dias atribulados, correria para nos arrumarmos, afazeres dos mais diversos tipos em nossos locais de trabalho: alguns têm notas fiscais para emitir, outros clientes para atender, eu e outros professores aqui na igreja temos aulas para planejar, provas e trabalhos para corrigir. Segunda a sexta, uma correria insana nessa sociedade que mais valoriza o trabalho que gera capital do que o trabalho que agrega valor religioso. E depois dessa correria toda o que fazemos? Pegamos nossos carros ou entramos no ônibus, colocamos uma música, voltamos para nossas casas, ligamos as televisões, vemos jornais, assistimos um filme, a novela, o seriado. É mais prazeroso sentarmos em nossos sofás e vermos um bom filme de ação ou aventura, vermos novelas que retratam um mundo tomado pelo pecado, ou seriados com uma história intrincada, do que abrirmos nossas Bíblias, fazermos uma oração e nos colocarmos a meditar sobre os ensinamentos de Deus. Muitas vezes pensamos: “Deixa a leitura bíblica para o pastor ou para o presbítero e diácono, eles tem a obrigação de conhecer a Palavra de Deus”. Mas, não! O salmista não vem dizer que apenas os sacerdotes devem conhecer a Palavra de Deus. Jesus não fala apenas para os doutos na lei. Fala para todos nós da importância de se conhecer a Palavra de Deus. 

            Mas como podemos conhecer a lei, andar na lei, guardar suas prescrições e buscá-la de todo coração com tantos afazeres em nossas vidas? Aí, meu irmão, minha irmã, é uma questão de prioridades que devemos estabelecer. Ver um filme, uma novela, um seriado nos fará felizes? Sem dúvida. Nos trará a felicidade de esquecermos por alguns instantes toda a correria, toda a loucura que nos rodeia em nossos afazeres, em nosso dia-a-dia. Essa felicidade é maior do que conhecer sobre o Senhor? Essa felicidade é comparável a conhecer as maravilhas que Deus tem para nossas vidas? É nisso que temos de pensar. Nos filmes de ação, nas novelas televisivas, nos seriados, em sua grande maioria, não vemos as maravilhas, não conhecemos a Deus na profundidade que conhecemos quando nos colocamos a ler a Bíblia. Quando abrimos nossas Bíblias temos contato com a história de homens que andaram com o Senhor (Gn. 6:9b – “Noé andava com Deus); vemos a figura da mãe que promete seu filho a Deus (I Sm. 1:11); conhecemos homens que agradavam a Deus (I Sm. 13:14); vemos as transformação de homens que antes perseguiam os seguidores de Cristo para seguidores de Cristo (At. 9:1-19 – A conversão de Saulo); vemos que Deus deu seu próprio filho em sacrifício para a remissão dos pecados, um sacrifício perfeito, que já havia sido anunciado centenas de anos antes (Is. 53:4-9) e que veio a se confirmar na figura de Cristo Jesus (Jo. 1:29). 

              E então, chegamos ao último versículo dos que lemos hoje: “não praticam a iniquidade e andam nos seus caminhos”. Quando Davi escreveu seus salmos, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito, ele existia apenas na mente de Deus, uma mente à qual não temos acesso (Rm. 11:33). Davi, quando nos fala de conhecer as Escrituras está nos falando, segundo a mente dele, de homem, que devemos conhecer as leis, a Torá, os mandamentos divinos. Mas, Davi, assim como outros salmistas e outros autores da Bíblia, não escreveram seus textos apenas segundo a sua vontade humana. Pela fé sabemos que essas pessoas foram inspiradas por Deus. Justamente por essa certeza, não hesito em estender a aplicabilidade do Salmo 119 para o conhecimento de todo o texto sagrado. É conhecendo-o em sua plenitude que temos uma visão total do plano divino para nós. Como cristãos não podemos nos limitar a olhar para a Bíblia apenas nos livros do Novo Testamento. Seria um erro grosseiro demais, afinal de contas, o próprio Cristo em Mt 22:29 se refere ao Antigo Testamento, pois eram esses textos as Sagradas Escrituras compiladas até então. Ao nos debruçarmos sobre a Bíblia devemos buscar um conhecimento pleno, amplo, contextualizado. Se não enxergarmos Cristo no AT estamos fazendo a mesma leitura que os judeus fazem dele, estamos desconsiderando Cristo como o salvador anunciado. O Antigo e o Novo Testamentos estão intimamente ligados, complementando-se o tempo inteiro. O Novo cita o Velho, o Velho prediz o Novo. 

              Que reflitamos, irmãos, nas Escrituras Sagradas dia e noite; dediquemo-nos o máximo possível em conhecê-las e apliquemo-las ao nosso dia-a-dia. E que esse conhecimento não se limite às aulas da EBD, aos doutrinários de quarta-feira, aos cultos vespertinos de domingo, mas que façam parte de nossa vivência diária. Tenhamos as Escrituras por nossa leitura matinal ou antes de dormir; por objeto de reflexão; para pensarmos sobre nosso cotidiano, sobre nós mesmos, sobre sermos cristãos e povo escolhido de Deus. 

Amém!

Cartas vivas

O mundo não conhece a Cristo. O mundo – com a sua ditadura do pecado – odeia a mensagem do Evangelho. No entanto, o mundo vê a Igreja.

Alguns só poderão ver a Cristo se o discípulo for como Cristo. O pecador perdido não lê a Bíblia e se lê, não entende o mistério de Jesus Cristo (Ef. 3:4) porque seus olhos não foram abertos. Porém, o cristão verdadeiro é como a carta que o mundo lê (II Coríntios 3:2-3). Isso, se suas atitudes são como as atitudes de Cristo.
O mundo, de alguma forma, pode ver em parte a Cristo se eu, você e todos nós cristãos procurarmos ser que nem o nosso Mestre. Ser como o Mestre é andar conforme suas palavras. É saber ouvir, é partilhar, é acolher, é ensinar com paciência, é pregar com amor e ao mesmo tempo com dureza ao pecado, é andar junto, é perdoar sempre, é ter amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade mansidão e domínio próprio. O cristão é o “pequeno Cristo”, dese modo, ele é um “cristo” no mundo. Cristo que, com outros tantos, formam a Igreja. E a Igreja o mundo vê! Muitos criticam a Igreja, mas todos, de alguma forma, esperam algo da Igreja. Portanto, coragem e atitude! Deus quer te usar para dar razão da verdadeira fé e para resgate o de muitos!

“Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.” (II Coríntios 3:2-3)

“Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim”. (João 17: 23);

“O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Ef 3.5).

Gabriel Felipe M. Rocha.

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